segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Matéria - O Novo Rock Gaúcho


Desde antigamente, o Rio Grande do Sul tem tradição de exportar excelentes bandas para o Brasil, como Engenheiros do Hawaii, Cidadão Quem, Nenhum de Nós e mais recentemente, Fresno.
Só que há uma rapaziada do sul, que vem pela tangente, fazendo barulho na cena independente de todo o Brasil.
Mas , qual a influência das bandas gaúchas antigas no som dessa galera? Z, guitarrista e vocalista da banda Doyoulike?, explica:” Por coincidência passei o dia inteiro ouvindo Engenheiros, Cidadão Quem e Pouca Vogal ontem! (risos)
Então a influência deles é bem grande. Eu, particularmente ouço Engenheiros desde criança. Impossível não se emocionar com versos tipo "hey mãe, eu tenho uma guitarra elétrica".Sempre que ouvia essa música eu pensava, "poxa, deve ser muito bom ter uma banda de rock."
Cidadão quem é mais do que inspiração. Somos muito fãs do Duca. Inclusive estamos terminando uma música com o mesmo nome do primeiro livro dele, "A Casa da Esquina". Sou muito fã do rock gaúcho de um modo geral. Bandas assim só nos fazem mais fortes para enfrentar as dificuldades de ser um rockeiro no Brasil. Não foram poucas as vezes que nos reunimos para assistir os DVD´s do Engenheiros ou passamos as noites cantando as músicas da Cidadão. Dá orgulho de ser gaúcho e o olho brilha toda vez que se fala nessas bandas. Como disse inicialmente a influência que sofremos é bem grande. Gênios.”
A cena gaúcha se difere da cena de vários lugares, principalmente de São Paulo. Algumas bandas como Fresno, se mudaram para capital paulista, em busca de melhores oportunidades. Quem também optou por isso, foi a Radiocore. Daniel, guitarrista e vocalista, quais são as dificuldades em encarar uma mudança como esta: “Não dizemos que deixar nossas casas, nossos pais e tudo mais que estávamos habituados a fazer em Porto Alegre foi fácil, assim como não deve ser fácil pra ninguém que tenha que deixar sua vida seja por estudos, trabalho ou o que quer que seja. Na real, nunca estamos preparados pra sair de casa e enfrentar o mundo por nós mesmos. No nosso caso, como é uma banda ameniza um pouco porque um dá força pro outro e tem sido um crescimento e uma experiência muito válida pras nossas vidas. O que fazemos questão de ressaltar é que se tu tem um sonho, acredite nele. Porque nada é impossível e se a gente acreditar de coração, realiza mesmo.”
Tom, baterista da Radiocore, complementa: “Deixar a vida como você conhece a algumas centenas de quilômetros pra trás é uma coisa que desafia e por isso quase ninguém faça.

Não foi fácil no início pra nos estabilizarmos, ainda não está sendo fácil: a família da gente tá longe, os amigos que cresceram junto contigo também, os lugares que costumava ir, etc.

Mas não deixa de ser uma experiência positiva, ainda mais se está correndo atrás do que gosta, e com pessoas que tu curte estar junto”
Qual a avaliação que essa galera faz da cena de seu estado? Patrick, guitarrista da banda Vouten, diz qual sua impressão sobre a cena gaúcha: “Falar de cena, em si, é sempre complicado. Existem várias visões pra uma mesma situação. Mas num contexto geral, gosto das bandas que o Sul gera. Conheço várias bandas daqui nas quais acredito muito, aprecio muito o trabalho, e eu acho que as coisas acontecem mais por aqui, quando se fala do começo de bandas e daquela fase underground precária que toda banda sempre passa, pelo fato de haver um espaço mais aberto, uma facilidade relativamente maior aqui do que em outros lugares. Claro que não conheço a fundo a cena de todas as regiões do país, mas no Rio Grande do Sul é razoavelmente fácil tu entrar em contato com o responsável por uma casa de eventos e agendar uma data com a tua banda e umas bandas amigas, pra fazer uma festa e se divertir. Coisa que já não acontece em São Paulo com tanta facilidade, por exemplo. É complicado pras bandas entrarem em um festival que começa às 13:00, e que tem uma única banda grande, que vai tocar às 22:00.
Isso prejudica as bandas pequenas, pra poder facilitar a vida do organizador do evento, que lucra com a venda de ingresso obrigatória. Claro que existem eventos e eventos, assim como existem organizadores e organizadores. Aqui no sul também existem alguns eventos que funcionam dessa forma, porém, em sua maioria, os produtores daqui procuram ver as dificuldades das bandas e sempre tentar ajudar quando possível. Não existe aquela omissão por parte de organizadores em relação à bandas pequenas por aqui, e ao meu ver esse é um dos principais motivos de a região sul do país gerar bandas tão boas. Talvez as outras regiões também tenham tantas bandas boas quanto, porém, quase ninguém vê por falta de oportunidade. Porque ao invés de ganhar destaque por sua qualidade, elas estão vendendo ingressos pra poder "abrir" shows de bandas maiores”
Concluindo, a cena gaúcha é uma das mais fortes do Brasil, e essas três bandas e muitas outras, estão aí pra mostrar que o ciclo continua.
Até semana que vem!



Bandas citadas nesta matéria:
Vouten - http://www.vouten.com.br/
Doyoulike? - http://www.myspace.com/doyoulikerock
Radiocore - www.myspace.com/radiocorebanda


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